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No estudo sobre os anciãos, vimos que a sua função é cuidar dos interesses espirituais e superintendência da Casa de Deus. Notámos ainda que os bispos também são chamados anciãos, e que havia diversos bispos numa Igreja, em vez de um bispo sobre várias igrejas.
Agora vamos estudar quem são os diáconos, e quais as suas funções:
I - A palavra "diácono" significa simplesmente servo - um homem (ou mulher) que exerce algum ministério ou serviço. A palavra é usada frequentemente no Novo Testamento num sentido geral. Por exemplo: O Magistrado que exerce autoridade é chamado ministro ou diácono de Deus (Rom. 13:4) Febe é chamada uma irmã que serve (diaconisa) na Igreja em Cencréia (Rom. 16:1). Cristo mesmo é chamado Ministro (Diácono) da Circuncisão por causa da Verdade'de Deus (Rom. 15:8).
A palavra tem sido aplicada aos sete varões que foram escolhidos para fazer a distribuição dos fundos da Igreja (Actos 6:1-7). Realmente a palavra "diácono" não se encontra na passagem referida, nem o uso da palavra se limita àquelas obrigações. Aplica-se a qualquer espécie de serviço não designado.
II- Apesar de não se especificar na Escritura os deveres dos diáconos, contudo, as suas qualificações são-nos reveladas explicitamente em 1 Tim. cap. 3. Principiando no verso 8, lemos:
"Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância, guardando o mistério da fé, em uma pura consciência, e estes sejam primeiramente provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. Da mesma sorte, as mulheres sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e as suas próprias casas. Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição, e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus".
a). O primeiro requisito é seriedade ou honestidade - homem inconstante e frívolo não ganha facilmente a confiança daqueles a quem serve.
b). O diácono não deve ser de língua dobre. Isto é: não deve ser fingido. O que diz a uns deve dizer aos outros, pois a verdade é sempre a mesma. Honestidade e franqueza são qualidades que se impõem. Se a responsabilidade do diácono for financeira, ele deve usar métodos que não levem ninguém a duvidar ou a suspeitar da integridade do seu carácter.
c). Não deve ser dado ao vinho. Ninguém pode confiar numa pessoa que abusa do vinho. A experiência prova que a intemperança e o excesso são inimigos da rectidão e da confiança. Arruinam o testemunho do homem como filho de Deus e incapacitam-no para o serviço divino.
d). Também não deve ser cobiçoso de torpe ganância. Muitos destes requisitos são idênticos aos dos bispos. Um espírito avarento é um laço. Se homem tem o coração posto em acumular riquezas, esta sua ambição contribuirá para que todas as outras actividades da sua vida lhe fiquem subordinadas. O Reino de Deus e a sua Justiça deixam de ter o primeiro lugar na sua vida, e a sua obra para Deus enfraquece e torna-se inaceitável.
e). Deve guardar o mistério da fé numa consciência pura. Isto é importante. Não é suficiente conhecer a Verdade. Deve praticá-la com uma consciência livre de ofensa para com Deus. Himeneu e Alexandre conheciam a Palavra de Deus mas deram ligar ao pecado - desviando-se da verdade e divulgando doutrina falsa (II Tim. 2:17). Abafaram a voz da consciência e fizeram naufrágio na fé (1 Tim. 1:1920). Não há nada que possa substituir uma consciência sensível e vigilante pronta a discernir o que a Deus é desagradável resistindo ao erro e pugnando pela Verdade.
f). Depois lemos: "E também estes sejam, primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis" Isto é um princípio divino de grande importância. "Estes sejam primeiro provados". Em outra passagem lemos: A ninguém imponhas precipitadamente as mãos (1 Tim. 5:22). É uma admoestação para todos nós. Todos somos inclinados a deixarmo-nos impressionar por uma pessoa que vemos pela primeira vez. O resultado é querermos dar-lhe um lugar de responsabilidade imediatamente. Mais tarde reconhecemos que nos precipitámos, Pois "nem Judo o que luz é ouro"; o mal foi tirarmos conclusões a seu respeito cedo demais.
g). Em l Timóteo 3:11 lemos: "Da mesma sorte as mulheres sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo". A referência não é necessariamente às esposas dos diáconos mas aplica-se às diaconisas isto é, às mulheres que prestam serviço na igreja local. Febe era uma diaconisa (ver Rom. 16:1).
h). Como no caso dos anciãos, o diácono deve ser marido duma só mulher, e governar bem os seus filhos e a sua casa. Já nos referimos ao facto de que se o homem não impõe respeito e autoridade em sua própria casa, dificilmente o fará na Igreja.
III- A recompensa do diácono é dupla. Se servir bem como diácono, alcança justa preeminência devido à boa reputação entre os crentes e tem a probabilidade de ser recompensado no Tribunal de Cristo.
Em segundo lugar, adquire para si muita confiança e intrepidez na fé que há em Cristo Jesus. O mundo considera isto de pouco valor; é místico demais, intangível, vago; mas para o crente é de maior valor que o ouro ou as pedras preciosas. Quanto ao sustento deles, a regra é a mesma dos anciãos. Há alguns que fazem trabalho secular; assim suprem as suas próprias necessidades. Porém outros há que dedicam todo o seu tempo a. obra do Senhor; para estes, a regra é:
IV - Ao terminarmos o nosso estudo sobre os diáconos, chamamos a atenção do leitor, mais uma vez, para Filipenses 1: 1. Nesta passagem lemos de três classes de pessoas na Igreja de Deus: Santos, bispos e diáconos. Isto é digno de nota. A falta de referência a qualquer outra classe, como o clero, é notável. Barnes chama a nossa atenção para isso no seu comentário sobre o Novo Testamento: "Não há "três ordens" de clero no Novo Testamento. Em 1 Tim. cap. 3, o apóstolo Paulo revela expressamente as características dos que têm responsabilidade na Igreja, mas menciona só duas classes: bispos e diáconos. Os bispos são ministros da Palavra, e têm a seu cargo os interesses espirituais da Igreja; dos diáconos não lemos que pregassem.
Não há uma terceira ordem. Não há referência nenhuma acerca de qualquer pessoa superior aos bispos ie diáconos. Visto o apóstolo Paulo estar a dar expressas instruções acerca da organização da Igreja, uma omissão destas seria inconcebível, se tivesse de haver uma ordem de prelados na Igreja. Porque será que o apóstolo nem sequer faz referência a eles nem ás suas qualificações? Se Timóteo tivesse de ser um prelado, não seria ele que transmitir o seu cargo a outros? Não deviam ser mencionadas às qualificações particulares de tais homens? Não seria, pelo menos, falta de respeito da parte de Paulo, não fazer referência ao cargo de Timóteo, se ele fosse, de facto um prelado ?"
É evidente que se a organização da Igreja segundo o Novo Testamento tivesse outra ordem além de: bispos (anciãos) e diáconos, Paulo o teria dito nas suas Epístolas.
Actualmente há muitos sistemas eclesiásticos organizados pelos homens, mas sem qualquer fundamento na Palavra de Deus.
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