A palavra Igreja na Antiguidade e nas Escrituras

 
Por João Vogel

Fonte:

Revista Refrigério
n.º 60.

 
Em português o vocábulo Igreja deriva do latim "ecclesia" , que por sua vez corresponde ao grego, "ekklësia", que no Novo Testamento significa uma congregação local de cristãos e jamais um edifício.

Igreja, deriva também através de "ek-kale", que se empregava para a convocação de exército para reunir-se, de "kaleö" (hebraico) = chamar.

Igreja significava na antiguidade, a assembleia popular dos cidadãos efectivos da cidade. Era um assembleia que se baseava na constituição democrática, na qual se tomavam decisões fundamentais, políticas e judiciais.

No segundo Século antes de Cristo o Antigo Testamento foi traduzido para a língua grega, sendo esta tradução chamada Septuaguinta (LXX).

Na LXX a palavra "ekklesia" ocorre cerca de 100 vezes. Representa exclusivamente a palavra hebraica "qähäl" que significa uma convocação para uma assembleia e o acto de reunir-se, indicando uma assembleia jurídica (Dt. 9:10) ou uma assembleia do povo para a adoração (2Cr.6:3).

O termo "sinagoga" é usado com frequência na LXX para designar a congregação de Israel, e ocorre 56 vezes no Novo Testamento.

A Igreja cristã evitava conscientemente a palavra "sinagoga" como termo para descrever-se a si mesma. O nome "sinagoga", que originalmente era um termo técnico para a assembleia judaica, veio a ser considerado como símbolo da religião judaica, que consistia na Lei e na tradição.

Os escritores do Novo Testamento empregavam Igreja somente para aquelas comunhões que vieram a existir depois da crucificação e ressurreição de Jesus. Não se empregava para o período da vida terrena de Jesus na descrição dos discípulos que se ajuntavam ao redor dEle.

A ausência da palavra Igreja de todos os Evangelhos ( exceptuando-se Mt. 16:18; 18:17 ), não se pode esclarecer dizendo que na data da composição dos evangelhos o conceito ainda não estava corrente, pois a forma escrita dos evangelhos veio a existir no mesmo período das cartas de Paulo. A probabilidade maior é que, embora Jesus tivesse pessoalmente convocado os Doze, não fundou a Igreja propriamente dita durante a Sua vida na terra - Actos 2.

Quando Paulo fala da Igreja, o seu ponto de partida é a proclamação de Jesus Cristo. 	A origem da Igreja fica nas mãos de Deus. Somente se pode entender a Igreja em relação ao Senhor como "a congregação de Deus" (1Co. 1:2; Gl. 1:13).

O ajuntar-se deve ser considerado um elemento essencial da palavra Igreja, (1 Co. 11:18). A Igreja tem a sua localização, existência e ser, dentro de limites geográficos que se podem definir. Assim, o apóstolo escreve acerca "da Igreja que está em Corinto" (1 Co.1:2), o que indica, não somente que ela pertence ao povo do lugar, como também que ela tem uma qualidade nova e diferente.

Toda a pessoa que é atraída para entrar na Igreja e pertence a ela, vive na esfera do poder da nova criação (2 Co 5:17), através da palavra de Cristo.

Mesmo assim, tal pessoa não é removida da sua posição na ordem social. Permanece tessalônico, israelita ou romano, escravo ou liberto. Em Cristo, as diferenças continuam a existir, mas perdem o poder decisivo que impedia a unidade e a comunhão (Gl 3:28). Os membros da Igreja são chamados "irmãos".

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