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A expressão "o mundo" tem várias acepções, pelo que é necessário considerá-la no seu contexto para não cairmos em erro ao interpretarmos o que Deus nos quer dizer a tal respeito.
Esta criatura inteligente e dotada da capacidade de manter uma relação com o Seu Criador é objecto do favor divino, visto que, depois de se ter rebelado contra Deus, ainda foi visitada pelo Seu Filho, cheio de graça e de verdade: "Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores" (1 Timóteo 1:15). Maravilhoso mistério do amor divino! O Filho do Deus Todo-Poderoso, Criador de todo o cosmos, submete-Se voluntariamente às leis físicas que nos regem, para Se pôr ao nível dos que veio salvar! "Grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito... e recebido em cima, na glória" (l. Timóteo 5:16).
b).A Humanidade
A segunda acepção da palavra "mundo" refere-se à Humanidade. Isto fica muito bem expresso nas seguintes palavras de Jesus: "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigénito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16).
Efectivamente, Jesus veio em benefício de todos os homens. Apesar do inegável privilégio do Seu povo, o amor de Deus não conhece limites de nações, línguas ou raças. Deus amou o mundo, amou a toda a Humanidade. Para cada um dos que a formam Ele faz proclamar o Evangelho da graça, as Boas Novas de Salvação por Jesus Cristo. O nosso amado Senhor, pela Sua morte na Cruz, "é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo" (1 João 2:2). "Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura" (Marcos 16:15). Esta é a missão inicialmente confiada aos primeiros Cristãos. Apesar de todas as ameaças de que eram objecto, eles cumpriram esta missão com zelo e valor. Embora sejam poucas as coisas que nos são reveladas acerca da propagação do Evangelho, vemos Paulo ir até Roma e expressar o desejo de visitar a Península Ibérica. Outros servos fiéis teriam chegado à África e à Ásia, mas o Senhor não achou oportuno falar-nos dessas viagens missionárias. Ao longo dos séculos o Evangelho foi-se difundindo pelo mundo e actualmente não há língua escrita na qual a Bíblia ainda não tenha sido traduzida. Todo o mundo é convidado pelo Deus da graça: eu, tu, ele, ela, todos nós! Qual foi a sua resposta, amado leitor?
c). A Sociedade
Nas Sagradas Escrituras, a acepção mais frequente em que a palavra "mundo" é tomada é a que faz referência à sociedade humana no seu sentido mais amplo. logo que o pecado entrou no mundo, uma família se distinguiu pela sua maneira de se organizar, excluindo a Deus. Trata-se da família de Caim, conforme nos relata Génesis 4:17-24. Nesta esfera se introduz tudo aquilo que pode tornar a vida mais agradável, procurando, desse modo, fazer desaparecer a maldição que pesa sobre o homem, por causa do seu pecado. Este quadro, tão simples, que nos descreve a passagem de Génesis 4, corresponde perfeitamente ao estado do mundo actual. O chefe desta família é Caim, assassino de seu irmão, e o desenvolvimento desta sociedade, apesar das artes e da indústria, converge para o crime premeditado, passando pelo desprezo da lei divina acerca do matrimónio. A Escritura diz-nos que "os príncipes deste mundo" crucificaram ao Senhor da Glória (1 Coríntios 2:8). Este é o ponto de partida de tudo aquilo que caracteriza este mundo. Desde então, a sua inimizade contra Cristo permanece inalterável, e os que seguem a seu Senhor não se vêem livres desse ódio.
Os escritos de João são particularmente instrutivos acerca do mundo, considerado sob este aspecto. Veja-se, por exemplo, João 7:17; 15:18-19; 17:14; 1. João 2:15-16; 3:1; 3:13; 4:5; 5:4-5. Todas estas passagens fazem sobressair a radical distinção entre o crente, que é chamado filho de Deus por graça, pela fé na obra de Jesus, e o mundo, que repeliu a Cristo e que pretende poder organizar-se sem Ele. O apóstolo Tiago é mais incisivo ao declarar: "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo, é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus. Ou cuidais vós que em vão afirma a Escritura?" (Tiago 4:4-5).
Paulo tinha posto de lado tudo aquilo que o mundo poderia oferecer4he de bom. Os seus próprios privilégios nacionais e religiosos tinha-os por esterco (Filipenses 3:8). E em outra passagem diz: "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo" (Gálatas 6:14).
Fazemos parte da Sociedade e achamo-nos ligados a ela pelas obrigações desta vida. Deus não nos pede que nos isolemos do mundo, mas sim que nos mantenhamos separados moralmente dele. O lugar assinalado àquele que foi redimido pelo Senhor acha-se fora do mundo, acha-se em Cristo. Na medida em que o seu coração estiver unido a Cristo, ele se achará separado moralmente do mundo. Esta separação, que nunca é completa nem suficiente, produz-se pelo efeito da Palavra de Deus, e é levada a cabo graças à, intercessão do nosso Salvador, conforme o exemplo que nos dá o capítulo 17 do Evangelho segundo S. João. Todos nós deveríamos ler muitas vezes este capitulo, que é uma das passagens mais importantes das Sagradas Escrituras.
d). O Governo do Mundo
Em duas ocasiões Deus confere ao homem autoridade no âmbito da Criação: Em Génesis 1, Deus diz aos nossos primeiros pais: "Enchei a Terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a Terra" (Génesis 1:28); de igual modo. depois do dilúvio, Deus abençoou a Noé e a sua família e entregou em suas mãos tudo o que se movia sobre a Terra (Génesis 9: 2-3). Deus dá ao homem uma autoridade, e para exercê-la põe em suas mãos a espada (ver Génesis 9:6).
Sem embargo, Satanás queria aproveitar a ocasião para usurpar um lugar que já tinha cobiçado (ver o capítulo anterior). Ao fazer cair o homem no pecado, coloca-o sob o seu domínio, ascendendo assim ao domínio deste mundo. Este facto é reconhecido pelo próprio Senhor Jesus: "Aproxima-se o príncipe deste mundo, e nada tem em mim... já o príncipe deste mundo está julgado" (João 14:30 e 16:11).
As rédeas do poder serão tiradas a Satanás, visto que Jesus Cristo, por Sua morte e ressurreição, venceu a tão perigoso inimigo. Em breve se tornará publicamente manifesto o triunfo do nosso bendito Salvador. O Juízo porá fim ao domínio do Diabo sobre a Criação, e a aparição gloriosa do Senhor e Salvador Jesus Cristo estabelecerá neste mundo um Reino de Justiça e Paz, do qual será excluído Satanás. O "reino dos céus" será instaurado com grande poder, para benção universal. Este Reino durará mil anos, antes de dar lugar ao "Novo Céu a à Nova Terra", onde não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor, e ali habitará para sempre a Justiça (ver 2 Pedro 3:13 e Apocalipse 21:1-5).
O acesso a esta felicidade eterna será concedido a todos aqueles que puseram a sua confiança no Senhor Jesus e na Sua obra, consumada sobre a Cruz. "Não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro" (Apocalipse 21:27); aqueles cujos pecados foram lavados pelo sangue de Jesus e que, sinceramente arrependidos, aceitaram o perdão, oferecido gratuitamente.
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