Nascimento de Jesus Freire

1897 - 1995

Fonte

Refrigério n.º 31 (Jun/92)


Nascimento Jesus Freire

Nascido em 25 de Dezembro de 1897, o seu pai deu-lhe o nome "Nascimento de Jesus". Convertido ao Senhor desde tenra idade,foi aluno da Igreja Evangélica das Amoreiras. Liderou algumas classes, revelando grande amor pelo trabalho de Deus.

Em 1928 casou com Gualtina Ferreira Alves Freire, havendo do matrimónio três filhas: Lídia, Fernanda e Amélia, encontrando sempre na esposa um modelo de dedicação e apoio.

Percorreu o vale do Vouga, pregando o Evangelho, vendendo Bíblias e levando a Cristo almas preciosas.

Em 1932 partiu para Moçambique, e aí permaneceu 44 anos. Constituindo-se um verdadeiro Pioneiro missionário, percorreu todo o território, pregando o Evangelho a milhares, utilizando os mais diversos itinerários e os mais perigosos meios de transporte, enfrentando as mais arriscadas situações por amor ao Seu Senhor. Difundiu a Bíblia por muitos lugares, sendo seu colportor.

Iniciou, com outros irmãos, as primeiras Igrejas Evangélicas Portuguesas em Lourenço Marques, Beira e Vila Pery. Regressou a Portugal em 1976, voltou à Igreja de onde partira, sendo desde logo Ancião.

Legenda viva do trabalho missionário em Portugal, coluna da Igreja de Cristo, o Irmão Nascimento Freire é um precioso exemplo e testemunho para as gerações de hoje e de sempre, pelo Seu Amor ao Mestre, seu afã e entusiasmo na Obra do Senhor, a Quem dedicou a plenitude da sua vida.

Partiu para junto do Seu Senhor no dia 12-Outubro 1995. Agora, está no lar celestial gozando das delícias junto do Seu Senhor.

NASCIMENTO FREIRE NO CORAÇÃO DOS MOÇAMBICANOS

«Parecendo um desprezo pelos demais artigos publicados no V. Prestigiado Boletim, tornou-se numa espécie de vício para mim e os demais amantes deste Boletim que, em abono de verdade, devoram-no da primeira à última página e relendo-o enquanto não chegar o número seguinte. Mas o que se tornou num vício em mim e nos demais leitores do Refrigério é, antes de mais nada, procurar saber se no número acabado de receber existe algo escrito por ou falando sobre NASCIMENTO DE JESUS FREIRE, ao que, ao receber o n.º 52, de Novem-bro/Dezembro de 1995, fui folheando como me é hábito e, chegado à página 12, quase me parava o coração.

A notícia foi pesada demais e, mais do que nunca, senti os nefastos efeitos do sub-desenvolvimento, pois, tão afectante assunto para nós, acontecido a 12 de Outubro de 1995, somente viemos a ter conhecimento em finais de Janeiro de 1996. Não instituímos nem adoramos santos, mas teria sido demais haver um de nós a testemunhar o "devolver ao pó" deste homem cuja descrição ade-quada daquilo que ele fez para a nossa Igreja, os dicionários ainda não têm palavras próprias.

Para descrever aquilo que VOVÔ FREIRE fez para a nossa Igreja em par-ticular e para o nosso país em geral, seria necessária uma enciclopédia. Falar da história e da existência da Igreja de Cristo Unida em Moçambique sem mencionar VOVÔ NASCIMENTO DE JESUS FREIRE, seria o mesmo que tentar descrever ou desenhar um homem per-feito sem pescoço.

Estamos bem cientes do eufemismo com o qual concordamos de que o Refrigério anuncia a sua partida, mas é-nos difícil conceber esta partida que para nós é uma perda irreparável. Ain-da estamos no processo de reescrever a nossa História, isto é, a história da nos-sa Igreja e, sonhávamos um dia poder-mos ter uma miraculosa oportunidade de passar por Lisboa e aproveitar essa grande Biblioteca que foi VOVÔ FREIRE, mas, tarde demais. Uma vez mais, o maldito sub - desenvolvimento.

Seja como for, não choraremos, pois choram-se os perdidos. Tomamos o exemplo de David que, morrendo-lhe Absalão, o mesmo que lhe queria fazer um golpe de estado, chorou-o, pois, estava irremediavelmente perdido, Absalão tinha "morrido de verdade" (segundo uma gíria da nossa pequena-da), mas morrendo-lhe a criança da mulher que tomara a Urias, tomou banho, ungiu-se, foi ao Templo adorar ao Senhor e comeu pão. Indignados os seus conselheiros, respondeu: "jamais trarei a criança de volta, mas eu irei a ela". Com esta passagem, aprendemos a não chorar aqueles que morrem no Senhor que, segundo Paulo, simples-mente dormem. Choramos, isso sim, os que deixam o mundo estando longe do Senhor. Daí que concordamos plena-mente com o Refrigério, ao pôr o seguinte título: NASCIMENTO DE JESUS FREIRE COM O SENHOR.

Custa-nos imaginá-lo sem nós, mas, por aquilo que ele próprios nos ensinou, em tudo temos que agradecer a Deus e, agradecemos e Louvamos o Senhor por esta partida deste Seu servo que constitui uma fonte de inspiração para o Evangelho no nosso Século.

O nome de NASCIMENTO DE JESUS FREIRE figurou, figura e sempre figura-rá em LETRA MAIÚSCULA na História da Igreja de Cristo Unida em Moçambique.

Rev. JONATHANES SIMANGO
IGREJA DE CRISTO UNIDA MOÇAMBIQUE